Putz, que desgosto tive hoje!
Andei olhando uns sites acadêmicos, de universidades e faculdades. Também esbarrei em sites e blogs de professores.
JE-SUS.
As pessoas não sabem minimamente escrever. É um festival de separar o sujeito do verbo com vírgula, numa virgulorragia sem fim. "-Acho importante ler, os manuais."
E as concordâncias, então? Pfffff! "-Querida Sicraninha recebi, vossa sugestão.";
Sem falar nas indicações de bibliografia. Professor recomendando livro de auto-ajuda como referência teórica, pode? Pode! "-Recomendo, ler O Monge e o Executivo."
SO-COR-RO!!!!
Mas o que mais me impressiona são os Currículos. Póbrilos, na verdade.
Eu, aqui, me esfalfando pra escrever e publicar artigos decentes, e o povo orgulhosamente ostentando PRODUÇÃO ZERO na Plataforma Lattes.
A justificativa? "Aqui, os professores não são apenas professores, não ficam só dando aula. Aqui eles trabalham, também. E não escrevem artigos, não têm produção acadêmica, porque a maior contribuição pra dar aos alunos é a da vivência profissional".
Vamos combinar umas coisas?
1 - Dar aula é trabalho. É carreira. Requer anos de estudo, rios de suor e largo investimento. Isso, claro, pra quem leva a sério. Pra muita gente é só a oportunidade de fazer uns pilinhas (poucos, por sinal) estufando o próprio ego, ou de catalogar as meninas bonitas e impressionáveis pra "faturar" depois. É isso aí, falei mesmo.
2 - Dizer que o que mais vale é a tal da "vivência profissional" é certificar que a formação acadêmica não serve de nada, basta a prática. Então, se é assim, pra que fazer faculdade? Vamos todos exercer a prática e pronto! Aí, quando tu contratares um advogado que não sabe redigir uma petição inteligível ou um contador que desconhece o conteúdo e a interpretação das leis fiscais... chora, nenê. Sejamos francos: quem se apoia em argumentos como esse está só esquentado justificativas fracas pra sua incapacidade, preguiça e comodismo. Quem leva a sério, produz. E quem não produz é INCOMPETENTE.
3 - Depois, as criaturas enchem as bocas pra criticar a falta de progresso científico. - "Nesse país não se investe no conhecimento!" - Começa por ti, oh ananá. Aprende ortografia e sintaxe, lê um pouco de teoria, tenta desenvolver um raciocínio lógico, conhece alguma metodologia e investe tu. LEVANTA O RABINHO PREGUIÇOSO E ARROGANTE DA CÁTEDRA E VAI APRENDER ALGUMA COISA, PRA ENSINAR ALGO QUE PRESTE.
Com muito orgulho, eu leio em média 300 páginas pra conseguir escrever 10. Com muito, muito orgulho, eu perco uma semana estudando a metodologia mais adequada pra cada projeto. Estourando de orgulho, eu reviso umas dez vezes cada paper - pra ainda achar que pode melhorar na 11ª vez.
Se querem saber, estou contribuindo muito mais do que essa pá de professores "que não apenas dão aula, mas também trabalham".
Educação superior virou comércio, prestação de serviço, relação de consumo. Tem faculdade com ouvidoria!!! Imaginem um atendimento: "-O Professor Fulano me deu uma nota 'que' eu não gostei. Ou ele troca a nota ou eu vou pra concorrência." QUALIDADE, HEIN?
Baita MEDO dos profissionais que vêm por aí. Baita VERGONHA de pertencer à mesma classe dos professores que vemos por aí.