quarta-feira, 6 de julho de 2011

Incerteza, angústia: tortura do pensar.

Angústia (Anxiety), 1894, Edvard Munch (Norwegian Symbolist/Expressionist Painter1863-1944), Oil on canvas, 94 x 73 cm (37 x 28 3/4 in.), Munch Museum, Oslo



Depois de muito tempo sem escrever, e de bolas de feno rolarem por aqui, senti que precisava voltar. Incertezas fazem isso comigo: me impelem a escrever, falar, exteriorizar... Colocando as dúvidas do lado de fora, posso retalhar o que me incomoda e guardar em potinhos pequenos, pra usar quando for a hora.

Sempre achei que não era preciso encontrar respostas - apenas saber onde procurá-las. Será que isso ainda vale?

Se é verdade que as angústias são feitas de tudo o que criamos pra nós sem necessidade, então estou bem apanhada. Ou será que o truque pra livrar-me dessa sensação de pesar é entender que mesmo a minha maior angústia é ridícula e minúscula perto do quanto me vale a alma?



"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!"




Florbela Espanca







quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Filosofando sobre gente que vai embora (e que não se sinta obrigada a ficar pela falta do meu adeus)

Volta e meia recordo de uma fala da querida amiga Adri Ortiz. Conversando sobre amigos que chegam e amigos que saem de nosso convívio, ela dizia sempre confiar que as pessoas que não fossem lhe fazer bem acabariam por se afastar naturalmente.
Às vezes não é tão natural ou gradativo... Pessoas que não nos fazem bem também podem partir brusca e espalhafatosamente. Acho que, depurando o que aprendi nos últimos dias através do pensamento dessa tão valiosa amiga, rupturas podem ser traumáticas, sem que isso diminua o benefício que podem nos trazer.
Quem não vem para o bem, que se vá. Não importa como, mas que se vá. E, parafraseando alguém nessas exatas condições, "pra sempre".
Claro que se lamenta, em princípio. Afinal, as pessoas vêm cercadas por um contexto: outras pessoas, lugares, acontecimentos... Quando se perde, sempre se perdem coisas ruins e coisas boas. Gente ruim que se vai também leva consigo gente boa, fazer o quê?
O que se pode fazer é contar com o bom senso alheio, e com um pinguinho de maturidade de quem se vai, pra que não aconteçam situações do tipo "se você gosta dela não pode gostar de mim".
Se bem que, nessas exatas condições, parece que anda acontecendo uma estiagem de maturidade. Alguém se habilita a cavar um poço? Eu, não, obrigada.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Campanha Você Noel

Estava lendo bobagem na net e esbarrei nisso:
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Todo mundo sabe que os Correios têm a Campanha Natal Solidário (conhecida como Papai Noel dos Correios). As crianças enviam cartinhas pro Papai Noel, os Correios colocam a disposição da sociedade e as pessoas podem escolher uma carta, comprar o presente e levar pros Correios entregarem à criança. Acontece que a campanha só dá conta de 20% das cartinhas. Ou seja: 80% das crianças carentes que escrevem pro Papai Noel ficam sem nada, nem resposta.
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Caramba, isso doeu em mim. Decidida a fazer alguma coisa, me engajei Campanha Você Noel. O pessoal que tem blogs montou uma rede pra aderir ao Natal Solidário dos Correios. Acho que é a primeira vez que vejo, na prática, uma rede de solidariedade funcionando tão bem: uma campanha conectada a outras campanhas, pra tentar fazer alguma coisa boa pelos outros. Ó o convite aí:
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Acho importante divulgar, participar, difundir esse pensamento. Inclusive, quero reunir os afilhados e "adotar" uma cartinha em nome de cada um deles. Ir junto escolher a carta, comprar o presente, entregar nos Correios. Isso é o tipo da coisa que a gente costuma esquecer de ensinar pras nossas crianças, né?
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Divagações à parte, pra quem quiser participar, em Porto Alegre, vai a dica:
Basta ir até o Espaço Cultural dos Correios (Rua Sete de Setembro, 1020, térreo do Memorial do RS) de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h30min (sem fechar ao meio-dia)e, nos sábados, das 9h às 12h. As cartas podem ser adotadas até o dia 18 de dezembro.
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Mais informações no site dos Correios

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A resposta.

Encerrando ciclos
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- Sonia Hurtado, psicóloga colombiana, texto publicado em El Pais, Cali, 21 de janeiro de 2003.
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Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos — não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
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Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
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Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.
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Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
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Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora.
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Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração — e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
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Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
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Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa — nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
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Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.
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Nota: O Paulo Coelho plagiou, traduzindo e atribuindo a autoria a si. Muita gente resolveu creditar ao Fernando Pessoa (fora alguns erros de portugês, que o Pessoa JAMAIS cometeria, o texto está escrito em linguagem coloquial, remetendo a elementos - disco, TV, telefone - que não integraram o contexto literário do poeta, morto em 1938).
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Resolvi publicar porque realmente faz sentido pra mim neste momento. E que ninguém ouse dizer que eu citei o Paulo Coelho!

Agressão continuada


Quando a raiva passa e fica só o vazio, me dou conta de que insistir é apenas uma agressão continuada. Enquanto estava com raiva, era mais fácil: o agressor era outro. Agora, no vazio, eu mesma me agrido: "Por que simplesmente não consigo dar as costas e ir embora?"

Já não consigo mais acreditar em um futuro feliz. Então, por que ficar?

Será que eu perdi o rumo de casa? Acho que sim... E, o pior, acho que nem em casa as coisas poderiam ser diferentes. Essa mágoa já foi tão reforçada que ficou natural.

Como a gente faz pra se convencer que o melhor pra si é matar um sonho?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Produção ZERO


Putz, que desgosto tive hoje!


Andei olhando uns sites acadêmicos, de universidades e faculdades. Também esbarrei em sites e blogs de professores.


JE-SUS.


As pessoas não sabem minimamente escrever. É um festival de separar o sujeito do verbo com vírgula, numa virgulorragia sem fim. "-Acho importante ler, os manuais."


E as concordâncias, então? Pfffff! "-Querida Sicraninha recebi, vossa sugestão.";


Sem falar nas indicações de bibliografia. Professor recomendando livro de auto-ajuda como referência teórica, pode? Pode! "-Recomendo, ler O Monge e o Executivo."


SO-COR-RO!!!!


Mas o que mais me impressiona são os Currículos. Póbrilos, na verdade.

Eu, aqui, me esfalfando pra escrever e publicar artigos decentes, e o povo orgulhosamente ostentando PRODUÇÃO ZERO na Plataforma Lattes.


A justificativa? "Aqui, os professores não são apenas professores, não ficam só dando aula. Aqui eles trabalham, também. E não escrevem artigos, não têm produção acadêmica, porque a maior contribuição pra dar aos alunos é a da vivência profissional".


Vamos combinar umas coisas?


1 - Dar aula é trabalho. É carreira. Requer anos de estudo, rios de suor e largo investimento. Isso, claro, pra quem leva a sério. Pra muita gente é só a oportunidade de fazer uns pilinhas (poucos, por sinal) estufando o próprio ego, ou de catalogar as meninas bonitas e impressionáveis pra "faturar" depois. É isso aí, falei mesmo.


2 - Dizer que o que mais vale é a tal da "vivência profissional" é certificar que a formação acadêmica não serve de nada, basta a prática. Então, se é assim, pra que fazer faculdade? Vamos todos exercer a prática e pronto! Aí, quando tu contratares um advogado que não sabe redigir uma petição inteligível ou um contador que desconhece o conteúdo e a interpretação das leis fiscais... chora, nenê. Sejamos francos: quem se apoia em argumentos como esse está só esquentado justificativas fracas pra sua incapacidade, preguiça e comodismo. Quem leva a sério, produz. E quem não produz é INCOMPETENTE.


3 - Depois, as criaturas enchem as bocas pra criticar a falta de progresso científico. - "Nesse país não se investe no conhecimento!" - Começa por ti, oh ananá. Aprende ortografia e sintaxe, lê um pouco de teoria, tenta desenvolver um raciocínio lógico, conhece alguma metodologia e investe tu. LEVANTA O RABINHO PREGUIÇOSO E ARROGANTE DA CÁTEDRA E VAI APRENDER ALGUMA COISA, PRA ENSINAR ALGO QUE PRESTE.


Com muito orgulho, eu leio em média 300 páginas pra conseguir escrever 10. Com muito, muito orgulho, eu perco uma semana estudando a metodologia mais adequada pra cada projeto. Estourando de orgulho, eu reviso umas dez vezes cada paper - pra ainda achar que pode melhorar na 11ª vez.


Se querem saber, estou contribuindo muito mais do que essa pá de professores "que não apenas dão aula, mas também trabalham".


Educação superior virou comércio, prestação de serviço, relação de consumo. Tem faculdade com ouvidoria!!! Imaginem um atendimento: "-O Professor Fulano me deu uma nota 'que' eu não gostei. Ou ele troca a nota ou eu vou pra concorrência." QUALIDADE, HEIN?


Baita MEDO dos profissionais que vêm por aí. Baita VERGONHA de pertencer à mesma classe dos professores que vemos por aí.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Cibele Cheron cansada de guerra



Minhas mãos estão cansadas
Não tenho mais onde me agarrar
Tudo já se foi
Amizade, carinho e amor
Não há mais por que lutar
Minhas mãos estão cansadas
Não vou mais lhe segurar
Vou deixar que você se vá...

Procure o seu caminho
Eu aprendi andar sozinho
Isto foi a muito tempo atrás
Mas ainda sei como se faz
Minhas mãos estão cansadas
Não tenho mais onde me agarrar
Não vou mais lhe segurar
Vou deixar que você se vá...

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Obrigada, TV a cabo!

Quebrei um paradigma hoje.
Estou em Recife, pra apresentar um paper no VI Seminário de Ciência Política e Relações Internacionais da UFPE. Me hospedei num hotel muito bacana (recomendo fortemente: Hotel Aconchego, em Boa Viagem).

Saí de Porto Alegre às seis da madrugada, cheguei meio dia e meia (lembrando de atrasar o relógio, que aqui não tem horário de verão). Estava morrendo de fome, então fui almoçar no charmosérrimo bar do hotel, no jardim interno, à volta da piscina.

Estou lá, sentadinha, olhando os emails da manhã, quando um casal aparentando 60 e poucos anos, na mesa ao lado, puxou papo. Acharam que eu era europeia ou coisa assim - ser branquela sempre dá nisso - e falaram comigo em inglês.

Aí o paradigma. Eu não falo inglês direito. Eu leio numa boa, entendo mais ou menos bem quando falam comigo, mas falar eu não falo.

Pois falei!!! Consegui explicar de onde eu venho (tá, barbada), o que eu faço (ih, complicou), falar sobre a realidade brasileira pra além das obviedades e responder a todas as perguntas que eles fizeram, nessa coisa de estranhos contando a vida uns pros outros.

Tá? Falei tudinho em inglês. E eles me garantiram que falo suficientemente bem pra me virar. Deve ser por causa do Criminal Minds.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Certificado de quê?

Fui uma das coordenadoras do II Fórum de Gênero, Direitos Humanos e Cidadania da UFRGS, dos dias 22 a 24 deste mês. Dá um trabalhão danado: escrever ementa, receber e selecionar propostas de trabalhos, montar programação, convidar debatedoras e debatedores, organizar sessões temáticas, confeccionar cartas de aceite e certificados, providenciar sala e estrutura, revisar os trabalhos completos enviados e encaminhar pra publicação, entre outras cositas.

Vale a pena, claro, porque o contato com os pesquisadores da nossa área nos enrriquece muito - mas dá um trabalho do cão.

Aí, na manhã do dia 23, recebo telefonema de uma das apresentadoras da sessão prestes a começar. Conteúdo da conversa:

- Oi, Cibele, é a Fulana, que apresentaria agora, tudo bem? ["apresentaria", do verbo "não vou"...]
- Oi, Fulana, em que posso te ajudar?
- Eu não vou poder ir ao evento, infelizmente... Acontece que eu tenho um outro evento aqui na Universidade onde trabalho, e vou ficar aqui hoje e amanhã... Tem como me mandar meu certificado pelo Correio?
- Ah, Fulana, não vai dar... Os certificados são de apresentação, pra quem efetivamente apresentar, sabe?
- Ah, mas no ano passado teve gente que não foi e ganhou certificado!
- Mas, neste ano, as coisas são um pouco diferentes. Não vai dar... Abraço!

Oi? Eu entendi direito? Quer dizer que tu tens um evento já agendado pros mesmo dias na tua Universidade e só me avisas em cima da hora? Quando não tem a menor chance de eu chamar outra pessoa que tenha enviado proposta para apresentar seu trabalho e não me deixar com um buraco na programação, na publicação e no bom humor? E ainda queres que eu me dê ao trabalho de te enviar o certificado pelo Correio?

Desculpa, meu amor, mas não estamos emitindo certificados de desconsideração este ano.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Já com saudades...

Tive o privilégio de receber duas amigas muito, muito queridas por alguns dias, em casa.
Helô, Mari, lindonas! Obrigada por terem vindo, pelo carinho e por aturarem a doida varrida aqui.
Como eu digo sempre, amigos reconciliam a gente com o mundo.
Beijo!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Felicidade tem nome

Depois de acordar do melhor jeito possível, descobri que felicidade tem nome... Só não conto qual é.
Esse post foi totalmente intimista. Seguindo a dica da minha amiga Helô, "desabafe num blog", escrevi porque não dava pra guardar só pra mim...
Tô feliz! O dia está cinza, o dinheiro acabou, estou espirrando e a SantaPati (minha faxineira fascinante) me quebrou um quadro... E eu aqui, rindo de orelha a orelha!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Nota rápida


Mentira é coisa feia e tem perna curta. Mamãe e papai me ensinaram isso há tempos.
E sabe o que é pior? Tem gente que não só mente, mas insulta a nossa inteligência.

Quer me enorlar? Ao menos se esforça pra elaborar melhor a(s) mentira(s).