quinta-feira, 11 de março de 2010

Os sentidos e a minha gelatina





Dizem que os sentidos são a nossa ponte entre o compreensível e o incompreensível. Isso me faz lembrar das aulas de Filosofia: os sentidos são a nossa maneira de trazer o mundo para dentro de nós. Porém, será que eles são confiáveis?

O que eu vejo existe como eu o vejo? O que eu ouço soa como eu o ouço? O que eu toco tem a textura que acho que tem?

Meus sentidos são capazes de reconhecer algo que eu ainda não conheço? Ou eles ficam procurando comparar e aproximar qualquer novidade àquilo que já me é familiar?

Um olhar sarcástico quer dizer que não sou benvinda?

Um comentário áspero significa que não sou bem quista?

Um afago demonstra ternura verdadeira?

Não sei se nada do que os meus sentidos me reportam existe. Posso ter interpretado mal qualquer informação que vi, ouvi, senti. A única coisa que eu sei é que eu, que vejo, ouço e sinto - eu sim existo. Pois é, Descartes... Meu problema é que penso, então existo, e penso demais...


Se tudo - fora eu e o meu pensamento - pode ser ilusão, o máximo que sou capaz de fazer é escolher em quê acreditar, e torcer para ter escolhido bem... Ou tanto faz?


Cibele, filosofa de menos e vai jantar. Sim, já vou, pra engolir junto com gelatina de morango (não perguntem sobre isso) os dissabores que entupiram aquele meu elaborado esquema hidráulico de escoamento... Chutei os baldes pra longe, os dissabores estão inundando a casa. Vamos ver se gelatina é um bom "Diabo Verde" - ...mas pra isso deveria ser de limão, e não de morango...


Ó, insanidade...

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