segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Entradas e bandeiras


Por que diabos eu tenho que ser a primeira pessoa a viver a minha vida? Quem dera alguém já tivesse desbravado o meu caminho, me livrando da árdua incumbência de ser bandeirante.
Tenho que enfrentar a mata fechada de cada dia a golpes de facão, com a cara, a coragem, meia dúzia de trapos, farinha pra comer e um pingo d'água choca.
Não sei onde vai dar essa incursão na mata do dia de hoje, quanto mais o de amanhã!
Eu sei onde gostaria de chegar, mas, quem garante que estou no rumo certo? Ninguém me deu uma bússola, sei lá onde fica o norte!
Meu caminho não é asfaltado (nem mesmo calçado... Droga! Nem mesmo é uma estrada de chão! Porcaria de estrada nenhuma!). Não tem trilha, não tem ponte, não tem atalho, não tem margem, nem rumo certo, nem placa, nem ponto de referência, nem hotel, nem restaurante, nem boteco, nem ninguém pra dar informação. Porque ninguém passou pela minha vida antes de mim. Ninguém marcou para onde devem me levar meus passos, ou como faço pra chegar lá.
Então (brilhante conclusão, menina-gênio!), ninguém pode me dizer que não estou andando certo, ou que dei algum mau-passo, ou que estou fora do rumo. Não me perdi: já nasci assim. Quer saber... Tu também. Então, lança mão do teu bacamarte e manda fogo, que eu estou ouvindo um barulho vindo de logo mais à frente e acho que é onça. Se não for coisa pior.

Nenhum comentário: