quinta-feira, 7 de agosto de 2008



Logo será, de novo, Dia dos Pais. Domingo, agora. Não será uma data em que vou lembrar de meu pai e sentir-me triste por não tê-lo mais comigo - porque ainda o tenho, e sempre o terei comigo, e porque lembro dele e sinto sua falta todos os dias.
Lembro do último dia dos pais que passei com ele... E de que não consegui transformar esse num dia feliz. Tempo perdido, oportunidade desperdiçada, menina idiota...

Lembrei também de um texto que havia escrito duas semanas antes de perdê-lo. Incrível o quanto ainda é verdadeiro, e o quanto ainda teimo em pedir o impossível... Fazes falta, pai... Muita, toda a falta. É difícil seguir meu caminho sem ter chão.


"Escrito para meu pai. Nenhum outro homem mereceria tal apelo meu...


Frio, medo, cansaço... Acima de tudo cansaço.
Nem sei como dizer – melhor seria se não dissesse, mas não dizer equivale a mentir – que estou sozinha.
Fiz para mim uma colagem de figuras que não encaixam, que não podem coexistir. A única figura certa, encaixada, está sumindo tão depressa! Sem ela nada tem fundamento.
Seria mais fácil se houvesse a quem pedir para que o tempo voltasse atrás só uns cinco anos... Só? Nem meio segundo...
Joguei fora meu maior amor. Perdi todas as chances de fazer feliz a única pessoa que realmente quis que eu fosse feliz.
Não adianta pedir perdão. Vou ter de continuar vivendo com a maior das culpas enquanto perdurar minha própria vida.
Não vejo mais encanto, entusiasmo, ou mesmo razão em seguir com meus projetos – projetos de projetos de projetos, já que nenhum tenha dado em algo que se aproveite, até agora.
Sei que é injusto, egoísta, mesquinho, mas ainda assim eu quero:
Fica mais um pouco, não vai ainda!
Dá-me mais tempo pra tentar fazer qualquer coisa que te deixe feliz comigo...
Não sei a quem pedir, mas estou pedindo mesmo assim: fica...
Que todos os outros me abandonem, não ligo, juro! Troco tudo e todos por ti...
Teu colo, teu sorriso, teus enigmas, teu jeito, tuas controvérsias... Eu sou só uma cópia mal feita de ti.... Se te apagares, me apago também. Ainda não sou forte para prescindir de ti... Ainda preciso, e muito, da tua mão, do teu passo firme, do teu olhar severo...
Fica... Sou segura porque tu estás comigo, em qualquer rumo. Tu sinalizas para onde devo voltar, sempre. Volto sempre por ti... Por ti não me desgarrei, não me deixei levar de todo... O pouco que preservei, foi por ti...
Ensina-me mais... E, quando eu tiver aprendido tudo, faz-me esquecer, para que possas me ensinar tudo de novo, e tenhamos todo este tempo, e ainda mais... Ou só mais um ano, ou dois... Fica...
Quem quer que seja a quem eu deva pedir, estou pedindo."

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