quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A história dos furinhos


Era uma vez uma parede branca. Lisinha. Imaculada. Limpinha como um relacionamento apenas começando.
Então, as pessoas que viviam dentro dos limites da parede branca resolveram enfeitá-la com quadros, prateleiras, cortinas, penduricalhos... Uns por utlidade, outros por necessidade, outros por frescura mesmo. Pra conseguirem fixar tantas coisas desejadas na parede branca, precisaram machucá-la com parafusos e pregos. Uns maiores, outros menores... Todos por uma boa causa, assim como o que se diz ou faz pra adequar as coisas num relacionamento apenas começando.
Estrutura pronta, pedurou-se a cacarecagem, da mesma maneira que se aceita as mudanças e transformações num relacionamento apenas começando.
Mas sabe como é gente... Logo quiseram mudar os enfeites da parede branca: trocar as prateleiras de lugar, substituir quadros, reformar cortinas e repaginar a coisa toda. Vieram abaixo com a cacarecagem, da mesma maneira que, quando a gente está descontente com um relacionamento em curso, o redesenha.
Lá estavam os pregos e parafusos. Precisavam ser modificados, substituídos, arrancados pra dar lugar aos novos pregos e parafusos que suportariam a nova cacarecagem. A essa altura, você já entendeu bem a analogia, né?
Arrancaram os pregos e parafusos, e o que sobrou? Furinhos e furões na parede branca. Pra refazer a história de pendurar a cacarecagem, precisariam muita massa corrida, lixa e tinta... Ou, então, pra quem não tem tanto esmero, uma reprogramada no novo projeto a fim de esconder os furos do velho.

Moral da história: todas as coisas, pra acontecerem, causam algum estrago. Mesmo que você se permita mudar sempre, não adianta se iludir: o estrago fica lá, ou debaixo da massa corrida e da tinta, ou mal disfarçado por um quadro novo.

A gente até pode arrancar um prego mal colocado... Mas o buraco que ele fez fica.

Fim da história.

Nenhum comentário: