quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Quando o passeio no bosque termina num muro...

Acordei de madrugada. Sem sobressaltos, sem susto, sem telefone tocando. Apenas acordei. Não abri os olhos. Fui escorregando na cama bem devagar, tentando me encaixar num abraço. Acabei alcançando a parede fria (bem diferente do peito acolhedor que eu imaginava encontrar).

Abri os olhos, tentando compreender o que, diabos, estava errado ali.

A errada era eu... Eu que dormi e sonhei que estava aninhada em um abraço, e acordei encostada na parede fria.

Aos poucos, entendi. Eu não estou em casa. Estou onde? Eu conheço o cheiro daqui... Tudo escuro... Ah! Casa da minha mãe. Sim, claro, Natal (respiro fundo).

Dormindo, voltei para onde queria estar: meu próprio quarto e o abraço que me faz falta...

Não dormi mais. O que foi bom, até.

Bom pra pensar, reavaliar, entender... Pra sair do corpo, mas não em função de um sonho. Sair de mim e me olhar de fora. Acho até que consegui...

Desse episódio todo, e da ladainha que o antecede, mas não cabe mais pensar nela, nasceu uma grande intenção: Aproveita, menina boba, o que de bom existe ao teu redor agora mesmo. A lista de hoje foi bem grande:

  • O cheiro de infância na casa da minha mãe;
  • O café da manhã me esperando, na mesa;
  • O sorriso do tio que eu amo como se fosse meu irmão;
  • A chance de brincar de boneca com as priminhas pequenas;
  • O sanduíche da tarde, feito com os destroços do infeliz peru e o molho de laranja sobrados da ceia;
  • A festa que o cachorrinho da mãe sempre faz quando me vê;
  • A visita da amiga mais antiga (e ver que a nossa amizada não mudou em nada, apesar da distância);
  • A lembrança do meu pai, pairando muito forte à minha volta, e me confortando, como se dissesse "tu não estás sozinha porque eu estou sempre contigo";
  • A pancadinha de chuva no final da tarde, prometendo uma noite fresca e boa de dormir;
  • A certeza de que, por maior e mais inesperada que tenha sido esta última queda, eu saio mais forte, mais inteira, mais serena e bem melhor do que entrei.
  • A certeza, mais concreta ainda, de que as próximas quedas virão, mas vão me encontrar de peito aberto, sem medo e pouco me importando com o que possa parecer...

Bela lista. Durmo satisfeita, com as costas bem apoiadas no travesseiro que eu coloquei entre a cama e a parede (pro caso de eu acordar confusa de novo, pra que demore um pouco mais até que eu me dê conta da parede fria no lugar do abraço, e eu possa, talvez, voltar a dormir mais leve).

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