quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Thank you, Mrs. Ledbetter!


A primeira Lei que o Obama assina é contra a discriminação salarial nos EUA. A partir dela, toda mulher que receber salário inferior aos colegas homens de mesmo cargo e função terá condições mais fáceis de estabelecer denúncia contra o empregador.

Eu não acredito em salvadores e heróis. Esse post é pra render homenagem a Lilly Ledbetter, funcionária de uma indústria em Gasden, no Alabama, que teve coragem de entrar em uma batalha judicial contra o patrão, o qual, por anos, pagou-lhe um salário inferior por ser mulher.

Pra quem pensou que a Lilly trabalhava em alguma fábrica de beterrabas em conserva, botas de couro ou fertilizantes para o solo, lamento desapontá-los: ela foi supervisora na empresa de pneus Goodyear Tire e Rubber Company. Quando estava por se aposentar, em 1998, percebeu de que, durante 15 anos, a empresa lhe pagou um salário 40% menor do que o pago aos seus colegas homens, pelo mesmo tipo de trabalho. Em novembro de 1998, Lilly representou contra a empresa na Justiça americana. O caso chegou à Suprema Corte. Lá, os magistrrados alegaram que a trabalhadora havia deixado passar tempo demais para efetuar a denúncia. No entendimento da Suprema Corte, Lilly teria, no máximo, 180 dias para apresentar a denúncia a partir do primeiro pagamento discriminatório.

Ah, tá, Your Honor! É bom saber que a gente precisa conferir o contracheque dos colegas pra saber se está ganhando mais ou menos do que eles.

Essa foi difícil de engolir, mesmo. Um movimento de apoio às mulheres vítimas de discriminação salarial ergueu o caso como bandeira de luta, e acabou com a aprovação da legislação sobre igualdade salarial, denominada "Lei Lilly Ledbetter de Restabelecimento do Pagamento Justo".

Agora, a denúncia pode ser prestada mesmo a partir do recebimento do último contracheque.

De qualquer maneira, é bom saber que existe gente corajosa nesse mundo.

Maria da Penha, Lilly Ledbetter, e tantas outras mulheres são um bom exemplo disso. As leis que surgem a partir da luta dessas mulheres não são perfeitas, nem de longe. Mas são um bom começo.

Elas começaram, quem sabe a gente continua?

Nenhum comentário: