sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Passe batido. Postagem chatinha. Ou, seja corajoso e leia, mas não venha reclamar! (Ou reclame num comentário - melhor do que comentário nenhum)

Considerações sobre o agir.

Pensei muito, no dia de ontem – e no de anteontem também, este é mais um dos pensamentos recorrentes que se instalam e não vão embora – no motivo que impulsiona as pessoas a agirem, das diferentes maneiras como agem, e das infinitas possibilidades de agir...
Primeiro: isso de possibilidades infinitas é um assunto que me atrai demais! Passo horas pensando sobre a gama de opções em aberto que temos, disponíveis, a cada segundo. São horas e horas de ócio, de opulento fazer nada, apenas pensando sobre as alternativas para o “fazer”. Claro: essas horas de reflexão geralmente são arrematadas por mais “não fazer”, afinal, quem muito pensa pouco age.

Hoje quero testar o outro lado: quero testar o “agir”. Não que eu planeje alguma ação, não!!! Estou simplesmente conjeturando sobre o “agir”, e não agindo. Afinal, se todos formos pró-ativos, quem fará a filosofia da coisa?

Sim, esta será uma postagem chata. Me perdoem, e tentem me compreender, por favor: esse pensamento todo é chato, e estava me afogando em chatice. Preciso exorcizá-lo da mente e mandá-lo direto pro papel (ta, pra tela, dã...), que é o inferno do pensamento (ali ele fica congelado, imóvel, passivo, e não me sarneia mais).

Então, se a tua coragem te permite me acompanhar nessa noise journade, bem vindo e obrigada. Aí vai:

Imaginemos uma cena típica: duas pessoas numa festa. Um menino e uma menina. Ele, bebendo sua cerveja, encostado no balcão do bar. Ela, dançando, na pista, com as amigas.
Eles já se avistaram, gostaram um do outro, e estão na iminência de iniciar um relacionamento. Começou a confusão!!!

Análise: Por que o menino está no balcão do bar, em pé, encostado, bebendo cerveja, com os amigos?

Porque ele gosta de cerveja. Porque ele gosta de ficar em pé. Porque ele gosta da companhia dos amigos. Isso justifica seu “agir” com determinantes individuais – o que ele gosta determina como ele age. Mas , francamente, não é só isso!

Ele até pode gostar de cerveja, assim como pode gostar de Keep Cooler, mas, se estiver tomando o segundo, vai ser execrado pelos amigos. Ele até pode gostar de ficar em pé, mas, numa festa que se preze, as cadeiras estão todas ocupadas desde a meia-noite, e nosso amiguinho não pode chegar antes disso (chegar em festa antes da meia-noite é assinar atestado de nerd). Ele até pode gostar da companhia dos amigos, mas não pode expressar isso com muita efusão – a menos que esteja bêbado – sem ser rotulado de “veadinho”. Isso justifica seu “agir” com determinantes coletivos – o que os demais toleram determina seu “agir”. Mas ainda não é só isso, por favor...

Ele está bebendo cerveja porque caras legais bebem cerveja, e caras legais têm muito mais chances de pegarem meninas bonitas (pegarem, assim mesmo, que não adianta falar bonitinho porque é assim que funciona na prática). Ele está no balcão do bar, em pé, porque assim ele tem maior acesso às meninas que circulam entre o bar, o banheiro e a pista, bem como melhor visão das meninas presentes. Ele está em pé porque não se caça sentado! Ele está com os amigos porque homens caçam em bando, e caras sozinhos são esquisitos, logo, não pegam ninguém. Isso coloca a menina na história. Ela é o objetivo.
Então, o menino pauta seu “agir” numa mistura bizarra de o que ele gosta (ou o que ele é), o que os demais toleram (a necessidade dele de ser aceito, o reconhecimento de que não pode viver isolado, essa história), e o que ele quer (a meta).

Ou seja: eu + os outros + o que eu quero.

Então, faz favor de me explicar o por quê de, quase todo o tempo, eu – e todo mundo, vamos assumir – agir contrariando o que eu sou, confrontando a sociedade e me sabotando no que eu quero. Faz favor, por caridade. Ou manda me internar, que eu acabei de realizar que eu sou louca.

Se bem que, se eu sou louca e tenho consciência disso, eu já sou muito mais lúcida do que muita gente.

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