quarta-feira, 3 de março de 2010

Memória-utopia



"Feel the breeze
That's a real thing that touches your skin
But memories
Well, they're not real"



Dog roses
-The Duke Spirit-





(Postagem com reflexões um tanto evasivas, feitas de mim para mim mesma. Não me queira mal se não soar bem ou não fizer sentido...)





A gente costuma distorcer, pra si mesmo, algumas memórias...

Pra apagar sofrimentos, ou pra ressaltar situações em que fomos felizes.

Daí aquele "no meu tempo não era essa pouca vergonha", ou "quando éramos crianças os programas eram melhores"...

Pois eu acho que as coisas não mudam tanto assim. Nossa percepção das coisas é que muda.

Pensei nisso por um grande tempo hoje, depois de ouvir minha mãe chorar de saudades de meu pai. Ela dizia das virtudes da vida que tínhamos. E eu lembrava de como ela costumava queixar-se, na época, dessa mesma vida que agora enaltece.

Não é uma crítica, pelo contrário. Fico contente por termos todos essa capacidade, de apagar partes do passado que não queremos guardar e substituí-las por versões mais palatáveis, mais romancescas, mais utópicas.

Temos só que ter cuidado de não apagar junto preciosas lições; não vamos criar dependência da memória-utopia...

Um comentário:

Mary disse...

O problema é que a tendência é sempre guardar as boas memórias. As coisas ruins ficam sempre pra trás...
O povo brasileiro (que reelege seus picaretas) tá aí pra comprovar a minha teoria.

Beijo, mulher.